'The kids not alright'

De maneiras que tenho esta amostra de graffiti ou tag ou rabisco a spray numa pobre duma cerca que tinha mais que fazer ao fundo da minha rua. Pois é, menos de uma semana depois de ter visto uma manchete num jornal que dizia qualquer coisa como 'Jovens Portugueses fumam menos mas bebem mais', aparece-me esta obra de arte escrita na propriedade de um coitado de um vizinho meu. Mas o que é que se anda a beber (ou a fumar menos) por aí? Acetona? Neoblanc gentil?
É que quem quer que tenha sido a dar-se ao trabalho de escrever estas duas palavras numa chapa ou é o gajo mais genial que já passou no meu bairro ou é simplesmente retardado.
Será que é o seu tag, o seu nome de rua? Epá, Fox ainda vá que não vá, raposa matreira e tal mas Life é absolutamente panisgas. 'Mekié dread, gira-te lá desses trocos senão o Life dá-te chinadas'. Não assusta ninguém. Ou mesmo Fox Life não resulta muito bem, é como ser conhecido pela vadiagem como Bloomberg ou Fashion Tv HD (sim, tenho MEO à pouco tempo).
Será que este artista está obcecado com a Ally McBeal ou com a Betty que é Feia? Pelo menos que seja uma panca pela Jennifer Love Hewitt e pelo magnífico papel que desempenha no Ghost Whisperer, série com uma posição sólida no top 20 das séries mais absurdas que já chegaram à 5ª temporada sabe Deus como.
Se calhar está só muito ansioso pelo dia 1 de Janeiro de 2010, data em que poderemos ver o novo canal Fox Life na posição 64 da MEO. Mas isso não é desculpa para eu ter que ver aquela abominação sempre que entro na minha rua. Ou então sou eu que não percebo mesmo o hip hop.

Quentes e boas

Aprecio bastante seios. Acho-lhes muita piada. Podem dizer muito sobre a personalidade dos seus donos, podem ser enérgicos, sensíveis, cruéis ou bonacheirões. Para mim eles espelham melhor a alma da pessoa do que um bom par de olhos. Talvez por isso é que há um forte magnetismo que nos puxa a direcção do olhar um pouco para baixo, enquanto falamos ou quando passamos por alguém na rua. E vendo bem as coisas, há hoje em dia uma maior preocupação em tapar os olhos do que o peito. Se calhar é porque é aí que estão as respostas todas.
Acho que é por isso que me custa confiar em alguém que usa químicos e plásticos para aumentar ou aperfeiçoar o seu busto. Para além da óbvia insegurança que isso revela, mostra também falta de carácter. Antenção, não é que não goste de ver, mas acho falso de mais. É como um político no poder, tem bom ar na televisão, mas espremido só sai merda. Ou borracha. Nunca emprestaria dinheiro a alguém que tivesse implantes.

O mitra, esse ser higiénico

Mitra pertence às mitologias persa, indiana e romana. Na Índia e Pérsia representava a luz (deus solar). Representava também o bem e a libertação da matéria. Chamavam-na de "Sol Vencedor". Entre os persas, apareceu como filho de Aúra-Masda, deus do bem gerado em uma virgem, a deusa Anahira.

in Wikipédia

É com grande admiração que observo os sub-grupos e nichos sociais deste nosso belo país, que ao tentarem afirmar-se com distinção nesta calçada de culturas, não deixam de provocar alguma curiosidade.
O mitra é uma fabulosa espécie. Neste retrato tento empreender os vários sub-géneros em que se desdobra, desde o 'mitra vulgaris' ao afamado 'mitra tunningus'.
Este ser preza muito pela sua aparência, tanto a nível de vestuário como na viatura que conduz. Pode ser adjectivado de superficial pois liga muito ao nome e à imagem da marca, nunca saindo de casa sem o chapéu Lacoste, preferencialmente em tons de rosa claro. Usa um vocabulário próprio, que é muitas vezes injustamente considerado como sendo arcaico e redutor, mas é na verdade uma verdadeira obra linguística que apesar de ser passada à muitos anos de geração em geração, consegue adaptar-se facilmete ao diálogo coloquial contemporâneo. Expressões como 'Tché, dread' (do grego dreadinis) e o uso frequente do verbo 'girar' (como em 'gira-te lá desse mambo') são bons exemplos de uma eloquência fabulosa. Infelizmente, outro traço que caracteriza o mitra é uma alimentação pouco cuidada e pobre em potássio e vitamina K, que se reflecte no aparecimento precoce de borbulhagem na testa e pescoço.
Mas o mais fascinante desta espécie é sem dúvida o seu enorme cuidado higiénico. Para onde quer que vá, o verdadeiro e puro mitra leva sempre consigo um pequeno mas útil necessaire. Por muito que a tonalidade deste objecto seja duvidosa ou que a obsessão pela marca Reebok seja condenável, ninguém pode menosprezar o sentido prático deste ser. A única dúvida é, pois claro, o conteúdo desta pequena mala afemininada. Não existe qualquer testemunho que consiga relatar com precisão o está guardado lá dentro, se o almoço, se as sapatilhas de futebol de salão ou flores para a sua mais-que-tudo. Por muito misterioso e enigmático que seja, o mitra é, e será sempre, um ser asseado.

Século XXI

Grandes fortunas me aparecem à frente. Conseguindo contrariar o azar que me acompanha nos últimos anos na compra de aparelhos eletrónicos de marca branca (ou cinzenta, vá), que sobrevivem nas minha mãos em média entre 2 a 14 semanas, encontrei o gadjet que fez renascer a minha fé. À coisa de 2 meses dei por mim na Worten a cantar baixinho o 'um-dó-li-tá' enquanto apontava alternadamente para dois leitores de mp3. O primeiro, de seu nome Zipy, não me inpirava grande confiança, porque ainda à pouco tempo me senti desiludido com um parente dele, que após uma dúzia de utilizações e sem me explicar porquê baixou a sua autonomia de 2 horas para 15 minutos, ou seja, uma quebra na ordem dos 87,5%. Por outro lado, o seu advesário directo, MemUp, estava desprovido de uma ferramenta essencial para quem que singrar no mundo dos leitores de mp3 baratuchos: um botão de 'hold'. Resolvi prontamente a minha questão perguntando ao jovem funcionário da loja qual a sua preferência entre os dois. Sem qualquer tipo de hesitação nem justificação ele respondeu 'Zipy', e eu, agradecido pela ajuda dele, encaminhei o meu MemUp para a caixa a fim de pagar os 24€ que ele valia.

A piada desta história é que depois de mês e meio feliz e contente com o meu novo aparelho, e depois de inúmeras deslocações e arrastos de música diferente para dentro e para fora do bicho, a única coisa que esta merda me toca é Beatles. Tenho 4 GB de inúmeras bandas de variados estilos que quando premidos para tocar, o MemUp responde cinicamente 'Invalid File Format', mesmo depois de já ter tocado aquilo várias vezes. Em suma, a única coisa que oiço à duas semanas é a antologia do quarteto de Liverpool. Claro que já estou a deitar a 'Madeira Norueguesa' pelos olhos, visto os ouvidos estarem tapados pelos phones. Será que é Deus a forçar a sua banda preferida na minha cabeça, ou o Steve Jobs a forçar-me a comprar um iPod? Será que daqui a uns tempos vou fazer uma fortuna com o meu MemUp depois de o vender no Ebay como o único mp3 verdadeiramente fiel à banda de Paul e companhia?

Seja como for perdi um bocado a fé no século XXI, isto também porque agora é a merda do telemóvel que não liga nem desliga. Eu carrego e carrego e o gajo não sai da ampulheta.

O tamanho não é tudo

Era tão macho tão macho que quando picava cebola, era a cebola que chorava.

Pândega e regabofe

Já é a terceira ou quarta piada sobre o tamanho e/ou peso do Malato que oiço nas últimas duas semanas. Parece estar a tornar-se numa deixa fácil e rápida para quem não tem nada de melhor para dizer. Se continuar a este ritmo, o apresentador e mestre de cerimónias (mestre talvez não tanto, finalista de secundário vá) da RTP irá ser o representante da tradução oficial das piadas 'yo momma's so fat' que fazem parte da cultura americana desde a depressão dos anos 20.
Jorge Gabriel consegui fugir habilmente e enganar todos os que o apontavam a ele como próximo badocha realizando uma formidável lipoaspiração. Já Malato, o nosso querido Orson Wells, terá que ter um pouco mais de cuidado com a carnunfa e os McFlurry's, se é que quer evitar o corte e custura. Será que há banha removida de famoso à venda no E-Bay?

Eu sou um projector de video, pois claro

O espanador chega a sítios que eu nem me lembrava que existiam em mim. O pulso firme e experiente combinado com o toque suave dos dedos remetem uma energia que percorre o pequeno pedaço de plástico, todas as penas artificias ao mesmo tempo e chega à minha caixa de maneira tão relaxante e ao mesmo tempo tão viva que não sei se hei de adormecer ou ficar irrequieto. Todos os meus botões superiores são minuciosamente limpos, tanto na sua posição inicial como carregados para baixo. Não existe melhor sensação do que o indicador esquerdo da Dona Elvira a carregar no meu botão de AV enquanto o espanador percorre as arestas desse mesmo botão, passando as suas penas para o interior da caixa e quase me tocando nos circuitos. Ai Elvira, se fosses uma mulher bonita... Temos esta relação à coisa de três anos, desde que eu cá cheguei. Todas as tardes ela entra na sala, aspira o chão e limpa as mesas, e trata de mim no fim. Passa todos os dias 10 minutos a tirar-me o pó com massagens e a polir-me. Nunca diz nada, mas eu sei que ela adora fazer isto. Sinto a paixão que ela coloca no espanador e o calor que sai por aquelas penas falsas e me passa uma energia profunda. Às vezes pesa-me a consciência e sinto-me como se estivesse a vadiar. Prometo a mim próprio que não a vou deixar tocar-me assim outra vez, mas nunca consigo. Com a vida que tenho, é impossível resistir.
O que eu gosto mesmo é quando vem alguém mexer em mim pela primeira vez. Estou eu sozinho, em cima de uma mesa, e um desconhecido vem por traz de mim e insere bruscamente o cabo de alimentação, fazendo percorrer entre todos os meus circuitos uma corrente eléctrica que me deixa excitado da lente às entradas. Normalmente, depois deste início exaltado, o desconhecido tem muito mais calma e delicadeza a enfiar o cabo VGA de 24 pinos. Alinha a ponta do seu cabo macho às paredes da minha entrada e eu sinto logo a informação a passar pelos pinos, um de cada vez. Depois, com um toque firme, o desconhecido gira os parafusos do cabo com o polegar e o indicador até estes se introduzirem completamente dentro de mim. Por esta altura já nos conhecemos tão bem que ele desliza os seus dedos pela minha traseira e pelas minhas costas até chegar ao meu botão On. Às vezes o desconhecido provoca-me, fica ali a acariciar a saliência nas minhas costas durante algum tempo, sem carregar totalmente para baixo. Eu, cheio de informação dentro de mim, penso sempre que não vou aguentar e que me vou ligar automaticamente, explodido números e barras e fotos e vídeos para o ecrã branco à minha frente. Mas até agora tenho resistido sempre. Deve ser do treino. O ritual acaba sempre com o desconhecido a girar suavemente o meu anel para o lado onde a informação projectada fica mais focada. Por muito relaxante que isto seja, nunca me consigo abstrair do facto que depois da imagem estar pronta, o desconhecido deixa-me e vai sentar-se no seu lugar, sem me dizer nada.
Passa tanta gente gira à minha volta. Alguns olham, de certeza que pensam nisso, mas poucos me tocam. São capazes de estar horas a fio a acariciar uma data de botões com letras diferentes enquanto olham para um ecrã mínimo à sua frente, mas não saem do seu lugar para virem mexer em mim. Eu faço tudo por todos eles, mas só meia dúzia de gatos pingados é que me giram o anel ou me carregam nos botões de vez em quando. Eu emano um cheiro tão bom quando projecto qualquer coisa. A única coisa que quero é amor, o mais físico possível. Será que já ninguém trai os maridos ou as mulheres?

Bruxo de Fafe 'ajuda' Ronaldo

Depois do presidente do Real Madrid, agora é a imprensa espanhola a perguntar ao bruxo de Fafe o que se passa com Ronaldo, transformando uma alegada “magia negra” numa luta ibérica de bruxaria.

"Já dei uma entrevista ao jornal ‘El Mundo’ e a TVE vem a Fafe nos próximos dias para falarmos sobre a alegada magia negra que fizeram ao Cristiano Ronaldo", referiu Fernando Nogueira, o bruxo de Fafe, depois de mais uma entrevista para a Marca, o maior jornal desportivo espanhol. Fernando Nogueira, conhecido como bruxo de Fafe, tornou-se de repente uma estrela dos media espanhóis, tudo porque estará a tentar anular os efeitos de uma alegada magia negra desencadeada por um bruxo espanhol.

Nogueira tem também trocado e-mails com Florentino Perez, o presidente do Real Madrid, a quem escreveu a manifestar a "total disponibilidade" para analisar o caso. Também um membro da família do jogador entrou em contacto com o bruxo de Fafe a pedir "ajuda", segundo conta o próprio.

A alegada magia negra que o bruxo espanhol Pepe diz ter feito, por encomenda de uma antiga namorada, ao jogador do Real Madrid, está a provocar as mais diversas reacções em Espanha e em Portugal. "Os jornalistas espanhóis dizem que é uma guerra ibérica de bruxos mas não é", frisou Fernando Nogueira.

in desporto.sapo.pt

Ena pá, por onde começar. Bem, talvez pelo fim. É com enorme agrado e satisfação que constato que a imprensa espanhola está toda enganada, e que não existe de facto uma 'guerra ibérica de bruxos'. Quero agradecer a calma e sensatez de Fernando Nogueira ao proferir tais palavras, pois de certeza que já todo o submundo de bruxareza se reunia para debater esta guerra, criando as inevitáveis divisões entre bruxedo, os apoiantes de Portugal e os de Espanha. Meus amigos não esqueçamos que já grandes guerras e chacinas internacionais começaram com bem menos do que um arrufo que levou à lesão de um jogador de futebol por meios sobrenaturais. A última coisa que queremos neste momento é reagirmos de maneira irresponsável às alegações dos jornais espanhóis. Um conflito destas proporções pode levar outros países a precaveram-se no departamento de bruxos e feiticeiros, e de certeza que ninguém quer ver renascido das cinzas um Merlin ou mesmo um Rasputine.
Nogueira consegue assim por Fafe na boca de todo o mundo desportivo, o que embora aconteça por motivos menos bons (a lesão de Ronaldo), pode na prática dinamizar o turismo desta cidade. Proponho por este meio que Nogueira pense na candidatura da cidade para receber o Congresso Europeu de Bruxos, Magos e Feiticeiros '2010, onde para além de workshops sobrenaturais e uma master-class dada por Carlos Castaneda, os visitantes possam apreciar a verdadeira beleza da Igreja de São Romão de Arões e do Cine-Teatro de Fafe (quiça com uma exibição do novo relançamento em HD de O Feiticeiro de Oz).
Intriga-me bastante o conteúdo dos emails trocados en Fernando Nogueira e Florentino Pérez. Será que Nogueira domina o Castelhano? Terão os emails sido redigidos pelas secretárias de ambos ou pelos próprios? Terá Nogueira uma secretária ou será a sua mulher que o ajuda nos trabalhos administrativos? Nogueira manifestou 'total disponibilidade' para ajudar o presidente do Real Madrid no caso. Terá este bruxo que passar recibos verdes? Será bruxaria uma actividade financeiramente possível de exercer?
De certeza que são perguntas que já passaram pela cabeça de Pérez e de todos os fãs do jogador português. Resta-nos agora esperar e confiar nas capacidades mágicas de Nogueira para que Ronaldo recupere da lesão e não volte a ser amaldiçoado. Ao presidente do Real Madrid recomendo vivamente o atento visionamento do filme A Brance de Neve e os 7 Anões, porque também mete bruxa. Entretanto perdi toda a fé que tinha na medicina tradicional ocidental, e vou ver se Fernando Nogueira me faz um bom preço para me passar esta constipação.

Por cima e fora.