Monday, November 16, 2009

O bico (d'obra)

Existe um pacto secreto entre todos os obreiros deste país. Eles são, no fundo, uma espécie de maçonaria do colete reflector e do capacete de plástico. Têm os seus rituais de iniciação, a sua farda, os seus segredos, e apesar do acesso a este grupo ser fácil, a saída é praticamente impossível.
Há uma regra de ouro, instaurada desde que o Homem começou a construir. É a melhor maneira dos novos trabalhadores serem avaliados, e é o que faz a obra ir para a frente. Falo do jogo de olhar atento e observador à traseira de toda e qualque mulher que passe. Penso que os tempos de glória do piropo já passaram, e o que ficou foi a intensa observação em silêncio do chamado rabo. O que a maioria das pessoas não percebe é a extrema dificuldade de cumprir sempre e a todo o custo este regra. É que toda a gente aprecia bons rabos, mas os maus, esses chegam a fazer chorar. E como é sabido há-os de todos os tipos, flácidos, plácidos, gigantes e aconchegantes, e os pobres obreiros têm sempre que acompanhar o movimento de ancas da mulher até que esta saia do seu campo de visão. Custa ver um jovem obreiro a ser testado, fazendo um esforço sobre-humano para não cerrar os olhos nem afastar a cara a uma traseira feminina que sabe Deus como se assemelha à letra R, enquanto os seus peers, os obreiros mais velhos procuram qualquer desfalque do rapaz, para lhe caírem em cima e chamarem nomes como 'excêntrico' ou 'de pouca gratidão'.
Após um período experimental, a Filândia teve que proibir o acesso a obras aos homosexuais, pois os seus índices económicos de produtividade que lideravam as tabelas europeias foram logo ultrapassados. O obreiro-intelectual é já uma espécie extinta, que pouco tempo sobreviveu nas empreitadas. É que qualquer indivíduo que aproveitasse a pausa do almoço para ler e não para se sentar no local mais movimentado a comentar bundas com o colega era imediatemente erradicado e afastado do seu serviço.
Temos nas mãos um grave problema social, que infelizmente nos toca a todos. Vamos fazer com que este país ande para a frente, que este tipo de bullying cesse de imediato, vamos ajudar os obreiros deste país.

2 Comments:

Blogger -------Oh! said...

Bem...que volta ao bulhar grande! Eu acho que eles olham porque querem, e os maus rabos são sempre bons para alguém.

Depois também há fetiches para tudo e se não os há eles olham pa galhofa e gozam com as bundas que não são do seu agrado.

Se o piropo está a deixar de existir?! não sei não....ainda os ouço.

Agora é verdade que eles olham todos os bum buns sejam bons ou maus...mas acho que também devia ser considerado um factor importante: normalmente os obreiros estão bem posicionados. Ou abaixo do nível do chão ou acima. E consoante a posição observam-se rabos e pernas ou mamas e nucas.

9:42 AM  
Blogger Verde Bolacha said...

No outro dia vi uma mulher tão GRANDE que tinha o rabo em obras. E os próprios obreiros do seu traseiro estavam confusos e a sua cabeça girava a 360º por segundo até partirem o pescócil. Olhei só de soslaio, aquilo queimava a vista...

9:06 PM  

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